quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Montag, 28




Tout ce qui est âme prend soin de tout ce qui n'est pas âme.
Platon

domingo, 27 de dezembro de 2009

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

fröliche Familie

HOME

... como se conservássemos o calor aqui dentro enquanto o mundo congela lá fora.

... como escutar músicas de uma época quando se fazia biscoitos com as mãos e ganhava-se gravatas de veludo.

... como fotos polaroids capturando o momento instantâneo de uma época que já passou.

... como fazer girar um disco e perceber que uma agulha pode revelar a mais linda melodia.

... como dançar e dançar com dois como se três fossem um só.

... como colorir duendes brancos feito estátuas gregas.

... como entender o banquete de platão.

... como aproveitar todo e qualquer processo.

... como as primeiras páginas de um caderno de colagem que só começou.

... como uma lista de coisas incríveis ainda para fazer.

Record Store - Brunnenstrasse, 186.

Na minha primeira manhã em Berlin, eu acordei, abri os olhos e não tive aquela sensação que sempre tenho quando viajo. De não reconhecer o lugar onde estou. Eu nem tive o cuidado proustiano de recaptular a disposição dos móveis durante o minuto que antecedeu o ato de abrir os olhos. Eu podia ouvir a música que vinha da sala e isso foi o suficiente para que eu me sentisse em casa. Essa é a verdadeira razão pela qual trouxemos os nossos vinis na bagagem de mão. Atravessamos os corredores intermináveis que nos levavam do terminal 1 ao 2 do aeroporto de Frankfurt sentindo a nossa casa pendurada em nossos ombros. Nos revezamos com a sacola pesada. Estávamos tranquilos. A viagem calma. A garantia de que podemos ter nossa casa em qualquer lugar foi nos deixando cada vez mais leves. Em breve seríamos tudo o que precisamos para nos bastar: nós três, uma casa aquecida e alguns dos nossos vinis. Nem precisamos trazer todos. Apenas aqueles que não encontramos facilmente. Podemos reconstruir nossa coleção de vinis em qualquer lugar. Essa talvez seja a medida do tempo exato para viver em cada cidade. A partir do dia em que chegamos, o tempo que levamos para reconstruir nosso conjunto essencial de vinis. O essencial é um estado totalmente provisório e sabemos disso. A sincronicidade é a nossa única garantia diante da provisoriedade dos nossos gostos e desejos. A contingência essencial das relações pendurada pelo fio da sincronicidade, duas alças de uma bolsa cheia de vinis.

Podemos viver profundamente uma cidade apenas deixando-nos surpreender com as descobertas da atividade de buscar discos. Fechar os olhos, prestar atenção na letra da música que toca no radio, ligado em uma estação que você descobriu por acaso. Ou a música que toca no café onde passamos a tarde. Andar pelas ruas certas. Encontrar as pessoas certas. O cara que prometeu ter neil young quando eu voltar em sua loja. O garoto loiro da loja de vinis novos que interrompeu seu sanduiche para comentar sorrindo que eu tinha feito bem de voltar a sua loja para resgatar johny cash daquele amontoado impessoal de discos dispostos atrás da letra C.

Encontrar vocês por acaso na loja de vinis usados é a prova de que, de alguma maneira, em algum momento, nos encontraríamos na vida. Uma espécie de destino. Algo que já está na nossa memória.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Merry Christmas!

Like a bridge over troubled waters, i will lay me down!
Não deve ser nada. só uma tristezinha natalina. só um let it be longe de casa. tres horas antes. de vez em quando o sino toca e ecoa na cidade vazia. De vez em quando os passos caminham na neve e eu não entendo pq as crianças daqui são tão quietas, beirando a introspecção. O mundo me chama muito menos do que eu mesmo, e a pior cobrança é sempre aquela que vem de dentro de nós. Ninguem está on line. Onde você está, o sol faz calor, à noite haverá festa em volta da piscina e todos os nossos primos gritarão ao mesmo tempo. É tudo apenas uma desculpa para que se encontrem. Para que a família se ajunte e se amontoe em volta de uma churrasqueira. Aqui os sinos voltaram a ecoar. No radio toca Neil Young e a vida poderia ser um filme bonito, não fosse eu ter que ser o protagonista dessa historia.

Vincent (and Christmas)

Starry
starry night
paint your palette blue and grey

look out on a summer's day
with eyes that know the
darkness in my soul.
Shadows on the hills
sketch the trees and the daffodils

catch the breeze and the winter chills

in colors on the snowy linen land.
And now I understand what you tried to say to me

how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
They would not listen
they did not know how

perhaps they'll listen now.

Starry
starry night
flaming flo'rs that brightly blaze

swirling clouds in violet haze reflect in
Vincent's eyes of China blue.
Colors changing hue
morning fields of amber grain

weathered faces lined in pain
are soothed beneath the artist's
loving hand.
And now I understand what you tried to say to me

how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
perhaps they'll listen now.

For they could not love you
but still your love was true

and when no hope was left in sight on that starry
starry night.
You took your life
as lovers often do;
But I could have told you
Vincent
this world was never
meant for one
as beautiful as you.

Starry
starry night
portraits hung in empty halls

frameless heads on nameless walls
with eyes
that watch the world and can't forget.
Like the stranger that you've met

the ragged men in ragged clothes

the silver thorn of bloddy rose
lie crushed and broken
on the virgin snow.
And now I think I know what you tried to say to me

how you suffered for your sanity

how you tried to set them free.
They would not listen
they're not
list'ning still
perhaps they never will.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

The frozen borderline

As doze horas de vôo fizeram o meu corpo absorver cada kilometro percorrido. E ele foi ficando cada vez mais leve. Fly. Yes I would, if I could. O meu pé agora afunda na neve e eu me sinto em casa. Como se tivesse o suficiente embaixo dos meus pés, para amortecer a dureza do som. Uma mola para ajudar a impulsionar os calcanhares. Sempre pisamos em pedrinhas marrons, que soam como cascas de barata se quebrando. Um chão sujo que olhamos de cima e não cogitamos manter qualquer contato corporal. Os contatos corporais aqui são cada vez mais escassos. Há vinte centimetros de roupa entre nós. Dez de cada lado. Mesmo quando se está lado a lado. Mesmo quando nos abraçamos. Quando nos abraçamos somos como estrelas com o número errado de pontas. Hoje descendo aquela rua ensolarada você estava discutindo sobre a diferença intrínseca entre duas frases que eu até agora não entendi de onde vêm. Se vc simplesmente as inventou criando uma diferença artificial entre dois seres imaginários ou se esses dois seres imaginários existem mesmo. Um deles dizia: eu te amo pq vc me faz voar. E o outro dizia: eu te amo porque vc me dá asas. A diferença não é sutil, nem trivial. Para um, amor é dependência. Para outro, liberdade. Somos seres imaginários do segundo tipo. Por isso entendemos o sentido das ocupações de berlin, sem nunca antes ter estado em uma delas.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

domingo, 20 de dezembro de 2009

o destino de cada um só é pessoal na medida em que pode acontecer de assemelhar-se àquilo que já está na sua memória (e.mallea)
to everything there's a reason and a time to every purpose under the heaven - eclesiastes 3:1 (KJU)