quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

The frozen borderline

As doze horas de vôo fizeram o meu corpo absorver cada kilometro percorrido. E ele foi ficando cada vez mais leve. Fly. Yes I would, if I could. O meu pé agora afunda na neve e eu me sinto em casa. Como se tivesse o suficiente embaixo dos meus pés, para amortecer a dureza do som. Uma mola para ajudar a impulsionar os calcanhares. Sempre pisamos em pedrinhas marrons, que soam como cascas de barata se quebrando. Um chão sujo que olhamos de cima e não cogitamos manter qualquer contato corporal. Os contatos corporais aqui são cada vez mais escassos. Há vinte centimetros de roupa entre nós. Dez de cada lado. Mesmo quando se está lado a lado. Mesmo quando nos abraçamos. Quando nos abraçamos somos como estrelas com o número errado de pontas. Hoje descendo aquela rua ensolarada você estava discutindo sobre a diferença intrínseca entre duas frases que eu até agora não entendi de onde vêm. Se vc simplesmente as inventou criando uma diferença artificial entre dois seres imaginários ou se esses dois seres imaginários existem mesmo. Um deles dizia: eu te amo pq vc me faz voar. E o outro dizia: eu te amo porque vc me dá asas. A diferença não é sutil, nem trivial. Para um, amor é dependência. Para outro, liberdade. Somos seres imaginários do segundo tipo. Por isso entendemos o sentido das ocupações de berlin, sem nunca antes ter estado em uma delas.

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